Análise: Grand Theft Auto 5 - Biskstar Games

Análise: Grand Theft Auto 5

Análise: Grand Theft Auto 5


Nas primeiras horas de Grand Theft Auto V - lá pelas cinco ou seis primeiras - eu não estava gostando muito do novo jogo da Rockstar. Tudo que via estava dentro dos conformes, igual a como já fizemos diversas outras vezes em GTAs passados. As mudanças trazidas (principalmente mecânicas) não provocavam grandes diferenças à experiência. A troca instantânea entre FranklinMichael eTrevor - os três protagonistas - parecia beirar o irrelevante, as habilidades específicas a cada um dos personagens não eram particularmente úteis e os atributos individuais (como perícia em pilotar carros, aviões, atirar etc) não faziam diferença. E, permeando isso tudo, estava o ir e vir entre diferentes pontos da cidade, ouvindo o trio reclamar do que as figuras de Los Santos os mandavam fazer, mas ainda assim obedecendo. Não era ruim, mas definitivamente não era surpreendente. Uma nova roupagem para uma experiência que, a essa altura, é uma velha conhecida.
Mas quão precipitada essa impressão era. As vezes que a Rockstar realmente brilhou não foram quando ela tentou ganhar por nocaute - como em Max Payne 3 e Manhunt -, mas sim quando busca a vitória por pontos. É quando ela pode entregar seu conteúdo de maneira cadenciada, calma, na medida que quer, deixando o mundo criado falar por conta própria, que ela consegue ser grande.

Então, lenta e certamente, GTA V o envolve. Isso não ocorre em um ponto específico, em que do nada tudo se encaixa no lugar e você de repente está o amando - apesar de certamente se tornar mais evidente quando os três protagonistas passam a ser selecionáveis. Porém, quando você menos percebe, Los Santos já o cerca completamente. As ruas se tornam reconhecíveis, alguns bairros passam a ser mais agradáveis do que outros e certas regiões oferecem mais do que você procura. A vida encontrada em cada parte do cenário, seja nas áreas mais densas da cidade, nas mais pobres ou no campo, apresenta seu charme em específico, com um cuidado aos detalhes que me surpreendeu até mesmo quando achava que não havia mais nada para ser encontrado naquele mundo. Você passa a conhecer e se interessar por todos os personagens, sejam eles pessoas com quem podemos nos identificar ou indivíduos terríveis de ações mais do que duvidosas. No fim, mesmo sendo anti-heróis às vezes odiáveis que, diferente de Niko Bellic ou John Marston, não procuram per se uma redenção, são todos charmosos.
O que causou a impressão mais negativa do que positiva no início, no entanto, foi que GTA V não é um salto como os outros jogos da série o foram - ao menos não de maneira óbvia. Trata-se mais de um refinamento da fórmula que busca mesclar os tons e direcionamentos de todos os GTAs passados; uma mistura do humor conhecido da série com os toques mais fortes de drama apresentados emGrand Theft Auto IV (e também em Red Dead Redemption), com três protagonistas que, não de maneira exata, representam misturas entre as várias facetas já exploradas pela franquia.

Michael é uma alusão a Tommy Vercetti (até o lembrando fisicamente). Um antigo ladrão que conseguiu escapar da vida do crime, saindo com dinheiro o suficiente para poder se aposentar. Depois de obter o que todos os protagonistas de GTAs já quiseram, Michael se encontra em uma vida de tédio, em que suas glórias não significam nada. Não à toa, um dos primeiros comentários que ouvimos dele é sobre um desejo de fechar os olhos e viver em uma fantasia nos anos 1980 - década em que Vice City se passa, diga-se de passagem.Franklin, o garoto de Grove Street, é o exemplo mais claro da cria entre o que a Rockstar produziu recentemente e em seu passado. Uma de suas primeiras falas no jogo é uma constatação de como ele sente que está sempre correndo de um lado para o outro recebendo ordens de outras pessoas, sem chegar em lugar nenhum fazendo isso - o que é basicamente um resumo de todos os personagens principais dos títulos de mundo aberto da Rockstar, porém pela primeira vez um deles tem consciência disso. Ele tem o mesmo desejo de fuga que CJ, protagonista deSan Andreas que também veio da mesma vizinhança que Franklin, tinha, porém sem a vibração de "festa" que este exalava em sua aventura. Pelo contrário, Franklin tem um ar mais austero como o de Niko, sem o lado negativo de estar se lamuriando o tempo todo de tudo que ocorre em sua vida. É provável que ele não vá ser seu personagem favorito (com certeza não era o meu), mas é definitivamente aquele com quem o jogador mais se identifica.
Por último, Trevor é um ponto fora da curva, quase como uma forma da série se redimir ante aqueles que se incomodaram com a seriedade de Grand Theft Auto IV. Apesar de pessoalmente não ver sentido em sair pela cidade atirando mesmo e atropelando a tudo e todos, existem aqueles que se divertem fazendo isso e Trevor é a desculpa necessária. Paranóico e viciado em metanfetamina, as ações de Trevor são impulsivas e irracionais, normalmente terminando em atos brutais de violência. Entretanto, os exageros são comedidos e, por mais que seja difícil amá-lo, o personagem não é caricato e volta e meia tem coisas interessantes e incisivas a dizer sobre variados assuntos. Ainda assim, por causa do comportamento explosivo dele, é como se com Trevor tivéssemos carta branca para pensarmos em GTA mais como um brinquedo do que um jogo, da maneira como o fazíamos no passado.

Fonte: Arena IG

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